Era difícil voar com toda aquela chuva. Tive que fazer do possível ao impossível para poder chegar ao meu destino em segurança. Mas nem sempre o nosso melhor é o suficiente. E são nessas horas que testamos os nossos limites.
O avião bateu em uma montanha. Por pouco não conseguia saltar antes do choque. Cai em cima de uma grande árvore. Melhor dizendo, fiquei preso em uma grande árvore. Usei alguns galhos como apoio e desci com parte do paraquedas ainda preso em minhas costas. Precisava me localizar.
O lugar onde estava não me parecia com nada que eu conhecesse ou sequer tivesse estudado. Na verdade, pelo que me consta, esse lugar nem deveria estar aqui. Eu não me lembro de ilhas nesta região do Oceano Pacifico.
Tentei encontrar alguma trilha ou qualquer coisa que me guiasse um caminho, mas a região parecia nunca ter sido explorada. Peguei um dos destroços do avião que havia caído por perto e sai abrindo caminho. Não foi tão eficaz quanto teria sido se tivesse com algo cortante, mas consegui fazer uma trilha decente.
A vegetação daquela ilha também era estranha. Não consegui reconhecer quase nada do que cresci naquela mata. Por sorte não encontrei nada que parecesse venenoso ou algum animal feroz. Estava completamente só.
Andando um pouco mais descobri uma cabana velha. A cabana era toda feita de madeira e palha, como era de se esperar que uma cabana no meio da selva fosse. Ela era bem grande para uma cabana de ilha e, dentro de suas limitações, era muito bonita também. Tinha dois andares e se sustentava em uma velha árvore. Seja lá quem tivesse construído a cabana sabia exatamente o que estava fazendo.
Entrei, mas a cabana estava vazia. De qualquer modo ela não parecia abandonada. Estava muito bem arrumada e mobilhada. A maior parte das coisas eram feitas com recursos da ilha, mas havia alguns móveis que provavelmente foram encontrados de algum navio que naufragou – talvez o navio em que a pessoa que construiu tudo isso estava. Resolvi sair e esperar que alguém chegasse.
Enquanto esperava, aproveitei para dar uma olhada ao redor. Havia uma trilha que seguia do lado oposto de onde eu vim. Havia ali perto uma pequena horta. Não muito distante da cabana haviam pés de manga, goiaba e maçã. Estava surpreendido.
Ouvi alguns passos. Provavelmente o construtor da cabana estava se aproximando. Mas fiquei em alerta. Poderia ser algum animal. Mas nada me surpreendeu mais do que o que eu vi saindo do meio da mata.
– Quem é você? – me perguntou sem ação.
– Você construiu tudo isso? – era a única coisa que conseguia pensar.
– Sim, mas qual a surpresa? – ainda estava sem ação.
– Não acredito que uma mulher tenha conseguido construir todo esse lugar! – falei alto.
– Tudo bem, você deve ser o dono daquele avião caído lá em cima. – ela colocou o javali que carregava nas costas no chão – Se realmente pretende ficar aqui já fique avisado – ela se aproximou – Fique longe da minha cabana! Essa é a minha área, meu território. Não cace por aqui e tente não construir sua cabana por perto. Eu não sou sua amiga e nem pretendo ser. E, principalmente, nem pense em tentar alguma coisa comigo. Vivo muito bem nesta ilha há dois anos. Alguma pergunta?
– Susi? – outra moça se aproximava – Com quem está falando?
– É o dono do avião! – a que se chamava Susi respondeu.
– Achei que não tinha sobrevivido. – a moça se aproximou sorrindo – Eu vi o momento em que o avião estava caindo. Que espetáculo! Sabe, não temos muita coisa interessante aqui. Que sorte você falar a nossa língua.
– Lila! – Susi parecia brava – Cale a boca!
– Desculpe. – Lila coçou a cabeça.
– Vocês duas são?...
– Irmãs! – Susi respondeu com certa fúria – Nós duas somos irmãs!
– Então vocês não...
– Não! – ela continuava com o tom zangando – Não somos lésbicas. E quer parar de ficar nos olhando como se fossemos duas extraterrestres.
– Acho que ele está impressionado com a nossa beleza. – Lila colocou a mão na cintura.
De fato as duas eram muito belas. Lila parecia ser a mais nova. Provavelmente 20 anos. Tinha cabelos pretos e curtos, olhos castanhos, bem feita de corpo e com um nariz arrebitado. Ela usava uma roupa improvisada. Parecia uma costura de vários pedaços de pano. Eram todos em tons rosas, o que impediu – um pouco – que não ficasse parecendo fantasiada para uma festa junina. Já a Susi era um pouco mais desleixada. Usava uma camisa branca larga e grande apenas. Os cabelos soltos e um pouco bagunçados era da mesma cor que o de Lila. Seu corpo parecia estar em forma, mas não consegui reparar bem por conta da blusa larga. Ela parecia ter a mesma idade que eu, 26 anos, e apesar de não ter um nariz arrebitado como o da irmã, tinha um olhar penetrante. Era um olhar misterioso, sensual e mortal.
– Muito bem! – Susi cortou meus pensamentos – Regras apresentadas, pode ir embora e procurar seu rumo. Talvez, se eu estiver de bom humor, posso até te ajudar a construir sua cabana, mas apenas para que fique o mais longe possível da nossa área.
– Mas ele não vai ficar com a gente? – Lila perguntou.
– É claro que não! – Susi berrou ofendida.
– Mas já está anoitecendo. – Lila se aproximou de mim – E até ele construir uma cabana vai levar muito tempo. Susi? Susana! Você não vai deixar esse pobre rapaz ficar ao relento. E se ele for pego por algum animal.
– Sorte a nossa. – ela sorriu.
– Que feio! – Lila agora se aproximava da irmã – Você não é assim.
– Espere! – interrompi – Ninguém me perguntou se eu quero ficar.
– Muito bem! – Susi ficou séria – Ele é um ingrato. Viu como tinha razão em não me importar com ele.
– Espere! – falei um pouco mais alto – Eu não disse que não queria ficar.
– Mas você não vai ficar – Susi gritou – quem disse que você iria ficar?
– Que ótimo! – bufei.
– Olha aqui, eu decido! – Lila interveio.
– Você não decide nada! – Susi gritou – E agora leve esse javali para dentro antes que estrague.
– Credo Susi! – Lila foi pegar o javali – Você está muito estranha!
– Tudo bem. – Susi suspirou decepcionada – Eu deixo você ficar!
– Yupi! – ouvi Lila de dentro da casa.
– Mas só até sua cabana ficar pronta. – Susi ficou séria – E não faça nenhuma gracinha!
O avião bateu em uma montanha. Por pouco não conseguia saltar antes do choque. Cai em cima de uma grande árvore. Melhor dizendo, fiquei preso em uma grande árvore. Usei alguns galhos como apoio e desci com parte do paraquedas ainda preso em minhas costas. Precisava me localizar.
O lugar onde estava não me parecia com nada que eu conhecesse ou sequer tivesse estudado. Na verdade, pelo que me consta, esse lugar nem deveria estar aqui. Eu não me lembro de ilhas nesta região do Oceano Pacifico.
Tentei encontrar alguma trilha ou qualquer coisa que me guiasse um caminho, mas a região parecia nunca ter sido explorada. Peguei um dos destroços do avião que havia caído por perto e sai abrindo caminho. Não foi tão eficaz quanto teria sido se tivesse com algo cortante, mas consegui fazer uma trilha decente.
A vegetação daquela ilha também era estranha. Não consegui reconhecer quase nada do que cresci naquela mata. Por sorte não encontrei nada que parecesse venenoso ou algum animal feroz. Estava completamente só.
Andando um pouco mais descobri uma cabana velha. A cabana era toda feita de madeira e palha, como era de se esperar que uma cabana no meio da selva fosse. Ela era bem grande para uma cabana de ilha e, dentro de suas limitações, era muito bonita também. Tinha dois andares e se sustentava em uma velha árvore. Seja lá quem tivesse construído a cabana sabia exatamente o que estava fazendo.
Entrei, mas a cabana estava vazia. De qualquer modo ela não parecia abandonada. Estava muito bem arrumada e mobilhada. A maior parte das coisas eram feitas com recursos da ilha, mas havia alguns móveis que provavelmente foram encontrados de algum navio que naufragou – talvez o navio em que a pessoa que construiu tudo isso estava. Resolvi sair e esperar que alguém chegasse.
Enquanto esperava, aproveitei para dar uma olhada ao redor. Havia uma trilha que seguia do lado oposto de onde eu vim. Havia ali perto uma pequena horta. Não muito distante da cabana haviam pés de manga, goiaba e maçã. Estava surpreendido.
Ouvi alguns passos. Provavelmente o construtor da cabana estava se aproximando. Mas fiquei em alerta. Poderia ser algum animal. Mas nada me surpreendeu mais do que o que eu vi saindo do meio da mata.
– Quem é você? – me perguntou sem ação.
– Você construiu tudo isso? – era a única coisa que conseguia pensar.
– Sim, mas qual a surpresa? – ainda estava sem ação.
– Não acredito que uma mulher tenha conseguido construir todo esse lugar! – falei alto.
– Tudo bem, você deve ser o dono daquele avião caído lá em cima. – ela colocou o javali que carregava nas costas no chão – Se realmente pretende ficar aqui já fique avisado – ela se aproximou – Fique longe da minha cabana! Essa é a minha área, meu território. Não cace por aqui e tente não construir sua cabana por perto. Eu não sou sua amiga e nem pretendo ser. E, principalmente, nem pense em tentar alguma coisa comigo. Vivo muito bem nesta ilha há dois anos. Alguma pergunta?
– Susi? – outra moça se aproximava – Com quem está falando?
– É o dono do avião! – a que se chamava Susi respondeu.
– Achei que não tinha sobrevivido. – a moça se aproximou sorrindo – Eu vi o momento em que o avião estava caindo. Que espetáculo! Sabe, não temos muita coisa interessante aqui. Que sorte você falar a nossa língua.
– Lila! – Susi parecia brava – Cale a boca!
– Desculpe. – Lila coçou a cabeça.
– Vocês duas são?...
– Irmãs! – Susi respondeu com certa fúria – Nós duas somos irmãs!
– Então vocês não...
– Não! – ela continuava com o tom zangando – Não somos lésbicas. E quer parar de ficar nos olhando como se fossemos duas extraterrestres.
– Acho que ele está impressionado com a nossa beleza. – Lila colocou a mão na cintura.
De fato as duas eram muito belas. Lila parecia ser a mais nova. Provavelmente 20 anos. Tinha cabelos pretos e curtos, olhos castanhos, bem feita de corpo e com um nariz arrebitado. Ela usava uma roupa improvisada. Parecia uma costura de vários pedaços de pano. Eram todos em tons rosas, o que impediu – um pouco – que não ficasse parecendo fantasiada para uma festa junina. Já a Susi era um pouco mais desleixada. Usava uma camisa branca larga e grande apenas. Os cabelos soltos e um pouco bagunçados era da mesma cor que o de Lila. Seu corpo parecia estar em forma, mas não consegui reparar bem por conta da blusa larga. Ela parecia ter a mesma idade que eu, 26 anos, e apesar de não ter um nariz arrebitado como o da irmã, tinha um olhar penetrante. Era um olhar misterioso, sensual e mortal.
– Muito bem! – Susi cortou meus pensamentos – Regras apresentadas, pode ir embora e procurar seu rumo. Talvez, se eu estiver de bom humor, posso até te ajudar a construir sua cabana, mas apenas para que fique o mais longe possível da nossa área.
– Mas ele não vai ficar com a gente? – Lila perguntou.
– É claro que não! – Susi berrou ofendida.
– Mas já está anoitecendo. – Lila se aproximou de mim – E até ele construir uma cabana vai levar muito tempo. Susi? Susana! Você não vai deixar esse pobre rapaz ficar ao relento. E se ele for pego por algum animal.
– Sorte a nossa. – ela sorriu.
– Que feio! – Lila agora se aproximava da irmã – Você não é assim.
– Espere! – interrompi – Ninguém me perguntou se eu quero ficar.
– Muito bem! – Susi ficou séria – Ele é um ingrato. Viu como tinha razão em não me importar com ele.
– Espere! – falei um pouco mais alto – Eu não disse que não queria ficar.
– Mas você não vai ficar – Susi gritou – quem disse que você iria ficar?
– Que ótimo! – bufei.
– Olha aqui, eu decido! – Lila interveio.
– Você não decide nada! – Susi gritou – E agora leve esse javali para dentro antes que estrague.
– Credo Susi! – Lila foi pegar o javali – Você está muito estranha!
– Tudo bem. – Susi suspirou decepcionada – Eu deixo você ficar!
– Yupi! – ouvi Lila de dentro da casa.
– Mas só até sua cabana ficar pronta. – Susi ficou séria – E não faça nenhuma gracinha!